Não há apenas uma mudança em curso, mas uma série entrelaçada de mudanças que afetam a forma como nos comunicamos, mas também na forma como realizamos nossos negócios. O próprio perfil do profissional de marketing e comunicação das organizações tem mudado drasticamente exigindo maiores competências estratégicas em comunicação e planejamento, a ponto das maiores organizações mundiais estarem questionando a necessidade de uma posição de gestor de experiência de marca, o chamado CGO (Chief Growth Oficcer) cujo foco estaria na gestão de marcas com o objetivo de equilibrar resultados e fortalecer marcas. Há muito polêmica com relação a isso.
O fato é que vários aspectos do marketing e da comunicação têm mudado[i]:
ü A intromissão está dando lugar à permissão, o consumidor ou os públicos de interesse da organização não querem mais o assédio desmesurado de marcas, produtos e serviços;
ü As marcas têm sua missão, visão e valores, mas os públicos querem saber se elas têm um propósito de existência e se suas ações são pertinentes. Comunicação vazia, sem lastro ou até mentirosa são inaceitáveis;
ü Os públicos estão e querem sentir-se no controle do que consomem e como o fazem no seu dia-a-dia, as organizações têm a responsabilidade e a oportunidade de atuar na educação para o consumo consciente;
ü As ferramentas tradicionais de comunicação têm ainda seu valor e continuarão a tê-lo, mas sua importância tem se tornado menos a cada dia como instrumento de simples persuasão (se é que um dia o foram realmente);
ü As organizações continuam com a imensa dificuldade de correlacionar as ações de comunicação com os resultados em vendas;
ü O consumo é necessário para movimentar o capital, necessário à economia, pelo menos na dinâmica de mercado que conhecemos, mas isso tende a mudar no futuro;
O consumidor ou o público de interesse da organização está no centro do processo e não quer mais ser avaliado por dados numéricos. Pesquisas apontam que as pessoas têm consciência de que seus dados não são privados e são usados pelas organizações como base para ações de marketing, muitas não se incomodam com isso desde que possam beneficiar-se. Os indivíduos gostam de colaborar com empresas e produtos, desde que percebam a utilidade e o uso de suas contribuições.
Os princípios da Comunicação H2H, alinhada com o marketing, envolvem o fato de que toda a comunicação tem que ter como base o ser humano que está em contato com a organização, também formadas por seres humanos. Além disso, estar aberto ao diálogo e disponível é fundamental, não com respostas automáticas e robotizadas, mas como pessoa, sem intromissões indesejadas, como alguém com quem se pode contar caso seja necessário. Consumidores e outros públicos de interesse querem experiências positivas e estar presente em plataformas diversas traz mais acessibilidade. Aliás, acessibilidade é a palavra chave lado a lado com inclusão e respeito, a relação deve envolver emoção, conversação, diálogo e troca, o consumidor está cansado de ser uma fonte (in)esgotável de dinheiro e informação, ele quer benefícios, e uma relação que respeite sua individualidade, objetivos e necessidades.
[i] Austin e Atchison, 2006, p 19-20;
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