Sermos todos interconectados, pessoas, organizações e poder público, implica dizer que a ação de um terá, inevitavelmente, algum reflexo no cotidiano do outro. Todos sabemos disso de forma consciente mas, não introjetamos esta realidade a ponto de medirmos a consequência de nossos atos diários, entendendo esta interconexão como realidade física, palpável, tangível.
Quanto às organizações, indústrias, prestadores de serviços, com ou sem fins lucrativos, agronegócio e tantas outras que compõem o mundo atual e que nos suprem as necessidades, enquanto consumidores que somos daquilo que produzem e ofertam, têm sido chamadas cada vez mais à sua responsabilidade como parte integrante deste todo e do qual usufruem e auferem lucratividade.
Marketing 3.0 é um termo que deu título a um livro de Philip Kotler em 2010. Este termo envolve a percepção de que estamos na era do consumidor consciente e o marketing deve centrar-se no ser humano. Guiado por VALORES, o objetivo do marketing 3.0, segundo o autor, é fazer um mundo melhor tendo o suporte das tecnologias da informação e comunicação, construindo uma nova era onde as pessoas são percebidas como um todo que envolve coração, mente e espírito. O conceito chave das organizações deve ser a construção de valor na relação com seus públicos de interesse, assumindo a responsabilidade que lhe cabe, através da realização de sua missão, visão e valores baseados em suas funções e contribuições à sociedade em que estão inseridas.
A interação com os consumidores, ainda segundo Kotler em Marketing 3.0, envolve colaboração, co-criação e, mais do que satisfação de necessidades, a ação colaborativa entre as partes em prol de uma sociedade melhor para todos. O autor cita:
A missão do marketing 3.0 nas empresas consiste em estabelecer um elo com o cliente, promover a sustentabilidade no planeta e melhorar a vida dos pobres. Se você criar um caso de amor com os seus clientes, eles próprios farão a sua publicidade.
Vindo de um profissional imerso nas relações de livre mercado e na visão do capitalismo norteamericano, com certeza as proposições merecem inúmeras críticas, especialmente neste momento em que o mundo vê aprofundar-se o abismo que separa as classes sociais mais e menos providas de recursos. Urge rever muitos destes conceitos e a forma como os negócios são feitos, especialmente em países em desenvolvimento.
Não desejamos demonizar ou endeusar as organizações, até porque, neste momento em nosso país, a credibilidade da maioria é extremamente frágil. Mas existem SIM iniciativas que têm procurado um equilíbrio em suas atividades e a perspectiva aqui colocada com relação ao marketing 3.0, um conceito que, para mim, continua válido.
Então, para este começo de ano, em um blog que discute o marketing através de múltiplas perspectivas, creio ser válido voltarmos aos básicos e revermos os credos propostos por Kotler com relação ao marketing do século XXI. Mais do que rever os conceitos, é a hora de cada um de nós assumir sua responsabilidade e contribuição para chegarmos ao ponto em que estamos hoje como sociedade, país e organizações. E que venha 2018 trazendo reflexão, clareza e discernimento, força para efetuar as transformações necessárias mas, sobretudo, consciência da nossa interconexão neste mundo onde, afinal, somos todos um.
Os 10 Credos do Marketing 3.0
– Ame os seus clientes. Respeite os seus concorrentes
– Seja sensível a mudanças, esteja pronto para transformar
– Guarde o seu nome, seja claro sobre quem você é
– Há diversos clientes; vá primeiro para aqueles que mais podem se beneficiar de você
– Sempre ofereça um bom pacote a um preço justo
– Sempre esteja disponível, espalhe as boas notícias
– Mantenha sempre seus clientes. Cultive-os e faça-os crescer
– Seja qual for o seu negócio será sempre uma empresa de serviços
– Sempre refine seu processo de negócio em termos de qualidade, custo e entrega
– Reuna informações relevantes, mas use a sabedoria para chegar à sua decisão final
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