Foi a ascensão alegre do consumo e de produtos e marcas que identificaram e aproveitaram esta oportunidade para emplacar de detergente líquido para roupa a iogurte, num período de grande crescimento que acelerou-se no final da primeira década de século XXI e estendeu-se até por volta de 2014 ou 2015, para então dar de cara com a atual crise econômica.
Na fase econômica citada, vimos crescer exponencialmente produtos destinados à classe C, de custo mais acessível e nem sempre de boa qualidade, e as marcas privadas ou private labels se estabeleceram após alguns escorregões. Cresceu o mercado de luxo acessível e produtos ligados ao funk ostentação. A televisão aberta se consolida e a grade da televisão aberta muda de comportamento e público-alvo.
Neste processo de transformação uma classe social parece ter sido esquecida no buraco negro do consumo, a classe B ou antiga classe média. 24% dos brasileiros são classificados como classe B com renda mensal que varia de R$ 8.800 a R$ 17.600, sendo responsáveis em 2014, segundo o jornal Estadão, por cerca de 50% do consumo de produtos e serviços em território nacional.
É uma parcela da população às voltas com a dificuldade de não ter tão pouco poder aquisitivo que permita sua participação em programas sociais como prouni, por exemplo, e nem tão grande poder aquisitivo que permita a sustentabilidade de seu padrão mínimo de consumo, manter uma educação de qualidade para os seus filhos em escolas particulares ou pagando a assistência médica.
Esta classe vem sendo consistentemente espremida entre a base e o topo da pirâmide social. Trocou a televisão aberta, que privilegia e prioriza a nova classe média em sua programação, pela televisão a cabo, esvaziando uma fatia significativa da audiência. Equilibra-se entre produtos e serviços populares, que não atendem aos seus anseios e necessidades e aqueles premium que estão fora do seu alcance financeiro.
O que desejo expressar aqui é que os ganhos ocorridos entre a década de 2000 e 2010 até 2014, foram muito significativos, mas apresentam duas situações críticas: seu crescimento foi baseado em consumo e crédito, não sustentáveis a longo prazo, e esta parcela significativa da população que é a classe B ficou órfã de produtos e serviços adequados ao seu perfil. Há aqui uma imensa oportunidade se as organizações estiverem dispostas a readequar seus produtos e serviços.