PAPO DE MULHER: equidade de gênero, propaganda e liberdade.

Continuando nossas reflexões sobre diversidade de gênero e propaganda gostaria de comentar sobre o evento ocorrido no Texas/USA agora em março. O South by Southwest – SXSW Conference & Festivals (https://www.sxsw.com/) reúne uma série de seminários, conferências, eventos e muita agitação em torno de design, tecnologia, cultura, cinema, storytelling, música e muitos outros acontecimentos, agitando o mercado da comunicação e entretenimento.

publicado originalmente em abril de 2017

O que me chamou a atenção foi um trecho publicado no Jornal Meio & Mensagem intitulado “o hijab que cobre e também revela”. O artigo fala sobre Noor Tagouri, mulher, muçulmana, jornalista, feminista, destacando seu empenho como profissional e sua meta em ser a primeira mulher com hijab a ancorar um telejornal norteamericano. O destaque fica por conta do que ela chama de “conquista da própria identidade” como forma de ser autêntica. Sem abrir mão de suas raízes, a jornalista foi ao encontro delas com a firme determinação de usar seu legado, suas crenças pessoais e narrativas como forma de construção de sua autenticidade. Ela diz: “Não há código para que você seja genuína e capaz de contar sua verdade mas sim uma luz interna que devemos deixar brilhar”.

Mas porque me chamou a atenção? Pela simplicidade com que ela exemplifica que a autenticidade está em ser quem você é, na sua história e no seu caminho singular. Vemos tantos esforços das pessoas, empresas e marcas em ganhar a atenção das consumidoras com narrativas estereotipadas e propostas mirabolantes e Noor dá uma resposta simples: seja cada vez mais você mesma.

Então, para que funcione, o discurso precisa estar embasado em uma verdade: como é o DNA da organização, marca, produto ou serviço? Quais são os valores defendidos pela organização? A marca, produto ou serviço pratica a equidade de gênero entre seus colaboradores? Quais são as bases onde a campanha publicitária está sendo construída?

Apenas 20% dos criativos de agências são mulheres, na maioria das organizações não existe equidade de gênero. A atitude que leva ao empoderamento feminino e maior diálogo está na simplicidade do que nos propõe Noor: ser quem você é, seja como pessoa, organização ou marca, aí storytelling começa a fazer sentido porque há transparência, há DNA, há verdade naquilo que se fala na comunicação.

Sempre Livre[i] é uma marca da Johnson & Johnson, empresa que integra o programa Movimento Mulher 360 que busca discutir caminhos para melhor ascensão da mulher no mercado de trabalho. Íntimus[ii] é da Kimberly-Clarke uma empresa que concorreu ao Prêmio WEPs Brasil. Quem disse Berenice?[iii] é marca do Grupo Boticário, tradicional por proporcionar benefícios que apoiam a mulher profissional. A Skol[iv], mudou de rumo e fala de sua evolução como empresa. P&G[v] foi a sétima colocada em 2013 no ranking da Revista Exame sobre as 15 melhores empresas em diversidade de inclusão.

Todas as marcas e empresas citadas destacaram-se em 2016 por campanhas com forte apelo ao empoderamento e à liberdade feminina. Parece que estas empresas estão falando a sua verdade em comunicação. É um mundo em processo de transformação, com certeza, e o destaque fica por conta do que Noor Tagouri chamou de “conquista da própria identidade” como forma de ser autêntica.


[i] Sempre Livre – https://www.youtube.com/watch?v=7zHAh7m1Evk

[ii] Intimus – Marias – https://www.youtube.com/watch?v=OWKvjhVZ1nE – Premio Weps Brasil – http://premiowepsbrasil.org/

[iii] Quem disse Berenica? – https://www.youtube.com/watch?v=jymZYs0LSyk

[iv] Skol – http://www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/2017/03/09/skol-assume-passado-machista-e-ressalta-a-importancia-de-evoluir.html – https://www.youtube.com/watch?v=g_8fnMtbdso

[v] P&G – We see equal – https://www.youtube.com/watch?v=g6E4pfAzUCE

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *