Esta mulher, chamada de mulher multitarefas, tem sido objeto de diversas pesquisas, dentre elas, o Ibope em 2008[i] indica que as mulheres percebem a necessidade de abrir mão da perfeição na realização de tantas tarefas cotidianas mas, muitas delas, ainda sobrecarregam-se com a síndrome do “eu me basto”, assumindo suas jornadas triplas sozinhas. Estas mulheres estão cansadas e insatisfeitas com suas rotinas, buscam uma qualidade de vida que está diretamente relacionada ao reconhecimento do parceiro, equidade de remuneração e maior divisão das tarefas domésticas.
O filme citado traz justamente esta discussão acerca dos papéis masculino e feminino, propondo uma releitura. O filme chama a atenção para a não percepção do homem com relação à rotina de suas companheiras, e vai ao encontro da necessidade de buscar uma nova masculinidade para que possamos alcançar a tão almejada maior cooperação e igualdade entre homens e mulheres.
Pesquisa recente[ii] publicada no Jornal O Estado de São Paulo pelo jornalista Fernando Scheller alerta para a presença gritante de estereótipos em nossas campanhas publicitárias onde o discurso acerca da igualdade de gêneros acaba como mero discurso mesmo. Batochio (2013)[iii] alerta que as marcas, quando retratam as mulheres repetem os papéis tradicionais idealizados, papéis com os quais as mulheres não mais se identificam.
A proposta é convidar nossos leitores a repensarem a forma como têm retratado suas consumidoras em suas campanhas, fazendo exatamente como o pai da protagonista faz no filme citado: olhando, talvez pela primeira vez, para a rotina desta mulher multitarefas, procurando compreendê-la e responder: como a minha marca, produto ou serviço podem contribuir para que ela se sinta reconhecida, satisfeita e aliviada em sua rotina?
Desta forma poderemos almejar que nossas consumidoras vejam nossas campanhas e pensem: “Opa! Esta é a minha vida!”[iv]
[i] Relatório Movimentos Femininos. In Ibope Inteligência e Editora Abril. São Paulo: Editora Abril, 2008
[ii] Scheller, Fernando. Na publicidade brasileira, mais de 90% dos protagonistas ainda são brancos. O Estado de São Paulo, Caderno Economia & Negócios, São Paulo, 21 de março, 2016.
[iii] Batochio, Renata. Além do estereótipo. Jornal Meio e Mensagem-Especial Mulheres, São Paulo, 04 de março, p. 47 a 60, 2013
[iv] Machado, Marcos. Nicoletta, Costábile et al. Quem tem saudade da Amélia? Jornal Meio & Mensagem, Especial Mulheres, São Paulo, 05 de março, 2007