publicado originalmente em outubro de 2017
Às vezes, para compreendermos um contexto, uma realidade, é necessário dar um passo atrás e entender o que motivou as mudanças em curso. Neste post nossa proposta é olhar uma pouco sobre as mudanças advindas da tecnologia e que estão empurrando as organizações para a transformação digital em todos os seus âmbitos internos e externos. Alguns conceitos básicos que permeiam as tecnologias devem ser compreendidos pela organização porque são as diretrizes para seus negócios e tomada de decisão.
Para compreender a realidade das relações através das mídias digitais e, especialmente, sociais, precisamos entender que os consumidores são indivíduos (como nós) que buscam constantemente construir sua individualidade através de seus pensamentos e atitudes diárias. As tecnologias impactaram o nosso fazer cotidiano e nossa forma de nos relacionarmos com o mundo.
Os produtos da mídia digital modelam a vida cotidiana, definem nossos valores e identidades, portanto, nosso repertório cultural está relacionado com o que consumimos e nossos somos, ao mesmo tempo, produtores e influenciados do repertório cultural de outras pessoas em uma interação incessante em tempo real.
Nosso momento faz coexistir a dualidade entre a convergência dos meios (formação de grandes conglomerados de comunicação e mídia) e a divergência (crescimento da produção de conteúdo individualizadas e pulverizadas em fontes diversas). E as organizações precisam lidar com os dois lados da mesma forma profissional e estratégica.
A individualização ou personalização é conceito fundamental e contribui para a afirmação da personalidade do indivíduo, as organizações precisam lidar com este conceito e não há como agir de outra forma, isto demanda tempo, dinheiro e pessoas envolvidas ativamente na comunicação organizacional.
A efemeridade de tudo assusta um pouco, mas obrigada as organizações a manterem-se constantemente ativas e inovando sempre e, para isso, a colaboração é fator fundamental. Estimular o aprofundamento dos assuntos, conteúdos e discussões pode ser um caminho importante para as organizações em tempos em que o conteúdo e as discussões ficam na superfície.
Algoritmos, inteligência artificial, computação cognitiva, internet das coisas e outras tecnologias estão surgindo e à disposição das organizações, mas a compreensão dos conceitos em destaque vai além de adaptar-se às tecnologias. Vários autores ressaltam a necessidade de mudança do mind set (mentalidade) organizacional.
Em artigo para a Revista HSM Management, Maracy (2017) fala sobre a mentalidade digital (digital mindset), necessária à transformação digital das organizações e motivadas pelos conceitos em destaque neste post. Esta mentalidade deve ir além da comunicação ou do que o autor chama de frontoffice, implica uma mudança profunda e significativa na forma como a organização realiza seus negócios e processos, destacando que as qualidades para enfrentar estas mudanças são: perseverança (persistir na capacitação e inovação), parceria (especialmente com a cadeia de suprimentos) e política (políticas públicas que afetam a expansão da tecnologia).
A transformação digital então, passa pela compreensão de que a relação das organizações com seus consumidores e públicos de interesse deve estar intimamente ligada a serviços que apoiem e facilitem nossos fazeres cotidianos, estabelecendo através desse auxílio, oportunidades de relacionamento individualizado, personalizado, que respeite os repertórios culturais que construímos e nos ajudem a ampliá-lo. A interatividade é condição básica, de preferência entre pessoas, de forma humanizada. A organização deve compreender a necessidade de perseverança em virtude da efemeridade dos acontecimentos, mas se houver um aprofundamento desta relação através da verdade e transparência, a colaboração mútua contribuirá para um relacionamento de longo prazo.
O grande desafio para as organizações, privadas e públicas, é transformar todos estes conceitos em ações concretas em todos os seus níveis hierárquicos, envolvendo todos os processos que realizada, de compras a produção, de recursos humanos a vendas, abarcando toda a cadeia de fornecimento e distribuição. Essa é a verdadeira transformação digital.
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